Durante a parte da manhã meu objetivo era único: visitar "oficialmente" todos os campings da Ilha para inventariar para o site FuiAcampar. Como são todos praticamente um ao lado do outro e todos possuem estrutura bastante simples, não demorei muito e no início da tarde tinha " terminado o trabalho".
O outro objetivo era fazer a trilha que não consegui finalizar no dia anterior.
Depois de ficar maior tempão fazendo hora para não pegar a
trilha no pior horário do sol (o sol tava implacável) perto das 17h resolvi me
organizar para ir. Peguei a mochila de ataque, água, protetor solar, repelente,
lanterna e antes de partir olhei apara o horizonte e vi que não muito distante
uma tempestade se aproximava.
É... talvez eu tivesse me enrolado demais tomando banho de mar,
mas não existia nenhuma chance de a tempestade não chegar, e não existia nenhuma
chance de eu não fazer a trilha, conclusão: eu ia me molhar. Se eu quisesse eu
podia ter pego uma carona depois do almoço para a Ilha do Mel e só não peguei para fazer a trilha. O objetivo era simples
chegar até o final da trilha, na praia deserta. E já comecei a trilha preparada para voltar encharcada.
Fiz toda a trilha em cerca de 50 minutos, sempre ouvindo
trovões distantes e sentindo o vento de chuva que se aproximava mas, entre as
árvores, não dava para ter uma certeza de o quanto perto ela estava e com qual
rapidez se aproximava. Quando cheguei no final dela, na vastidão da praia
deserta olhei para o horizonte e vi as duas tempestade, sim, eram duas!
Uma
paralela à outra, uma vindo pelo mar e outra pelo continente, mas a que me
atingiria em menos de 20 minutos era a do continente. Nessa altura o vento já
estava forte e os trovões eram um barulho constante no céu. Alguém tinha
enfurecido São Pedro. A coisa ia ser feia, ou linda dependendo do ponto de
vista.
Mas do meu ponto de vista, em meio à trilha, foi sobretudo assustador!
O plano inicial ir pela trilha e retornar pela praia. Mas com a tempestade e praticamente em cima da minha cabeça a possibilidade de voltar pela praia foi sensatamente abandonada. O negócio era voltar pela trilha e o mais rápido possível!
O plano inicial ir pela trilha e retornar pela praia. Mas com a tempestade e praticamente em cima da minha cabeça a possibilidade de voltar pela praia foi sensatamente abandonada. O negócio era voltar pela trilha e o mais rápido possível!
Resolvi então fazer algo inédito para mim, até então.
Resolvi voltar correndo! Isso mesmo porque não? A oportunidade faz o ladrão e a
tempestade faz uma corrida de aventura pela primeira vez! Ajustei a mochila nas
costas para não ficar balançando e corri pela trilha, como se estivesse simplesmente correndo normalmente,
no mesmo ritmo que faço minhas corridas. Logo descobri que correndo o corpo
precisa se preocupar com outras coisas eu não dava tanta atenção à
tempestade. Isso era bom!
Mas quando eu estava na metade da volta não teve jeito, o céu se fechou totalmente, ficou absurdamente escuro dentro do mato e os trovões e raios explodiam por toda parte. A chuva intensa chegou com muito vento e era tanta água que eu mal conseguia manter os olhos abertos. Isso foi assustador. Durante cerca de 30 segundos desejei não estar ali, naquele local, debaixo daquela chuva e sozinha. Mas isso logo passou e encarei como uma experiência única que precisava ser vivida. E uma coisa era fato: não havia mais nada que eu pudesse fazer além de caminhar sempre e para frente até o final da trilha e da tempestade. E foi isso que fiz. Além disso fiz também uma filmagem (ridícula) desse momento, porque precisava registrar e nunca mais esquecer essa aventura. Depois de uns 20 minutos debaixo da tempestade aconteceu o inevitável: a chuva diminuiu e eu cheguei ao inicio da trilha, na vila.
Encharcada dos pés à cabeça, quando entrei no camping a Tia
Mari, me aguardava na porta da casa, preocupada comigo, super querida! Ainda molhada sentei no degrau da casa e pedi para a Tia Mari me
preparar um pastel de camarão. Comi vendo o sol atravessar o horizonte por
entre as nuvens da tempestade e as montanhas da região serrana do Paraná.
Tomei um banho frio (após a tempestade a Ilha toda ficou sem energia) e fui acertar com o barqueiro que ia me levar para a llha do Mel no dia seguinte; apesar de querer ficar mais tempo na ilha, minha meta estava atingida e precisava ir adiante. Depois do barqueiro passei no Bar do Carioca para me despedir da Val e do Fernando, grandes amigos e companheiros de aventuras. Eles ainda me levaram até meu camping fizemos nossa foto final de despedida. No dia seguinte eles iriam retornar a Guaraqueçaba e de lá para Maringá. Dei um abraço neles e entrei na barraca.
Obs1: fiquei sabendo, por alguém que ficou sabendo, que o
Papa pediu para sair. Sério isso?
Obs2: fiquei sabendo, por alguém que ficou sabendo, que tinha caído um asteroide na Austrália e que 1000 pessoas tinham morrido. Mas depois fiquei sabendo que não era na Austrália e sim “pela Rússia” e que ninguém tinha morrido! Hahaha quem conta um conto aumenta um ponto. Imagina por quantas pessoas essa história passou antes de chegar até mim.
É, a gente viaja , mas o mundo lá fora não para! O Papa, hein? Quem diria...
Obs2: fiquei sabendo, por alguém que ficou sabendo, que tinha caído um asteroide na Austrália e que 1000 pessoas tinham morrido. Mas depois fiquei sabendo que não era na Austrália e sim “pela Rússia” e que ninguém tinha morrido! Hahaha quem conta um conto aumenta um ponto. Imagina por quantas pessoas essa história passou antes de chegar até mim.
É, a gente viaja , mas o mundo lá fora não para! O Papa, hein? Quem diria...
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