15 de fevereiro de 2013

Na trilha, mas com tempestade


Durante a parte da manhã meu objetivo era único: visitar "oficialmente" todos os campings da Ilha para inventariar para o site FuiAcampar. Como são todos praticamente um ao lado do outro e todos possuem estrutura bastante simples, não demorei muito e no início da tarde tinha " terminado o trabalho".

O outro objetivo era fazer a trilha que não consegui finalizar no dia anterior.
Depois de ficar maior tempão fazendo hora para não pegar a trilha no pior horário do sol (o sol tava implacável) perto das 17h resolvi me organizar para ir. Peguei a mochila de ataque, água, protetor solar, repelente, lanterna e antes de partir olhei apara o horizonte e vi que não muito distante uma tempestade se aproximava.
É... talvez eu tivesse me enrolado demais tomando banho de mar, mas não existia nenhuma chance de a tempestade não chegar, e não existia nenhuma chance de eu não fazer a trilha, conclusão: eu ia me molhar. Se eu quisesse eu podia ter pego uma carona depois do almoço para a Ilha do Mel e só não peguei  para fazer a trilha. O objetivo era simples chegar até o final da trilha, na praia deserta. E já comecei  a trilha preparada para voltar encharcada.



Fiz toda a trilha em cerca de 50 minutos, sempre ouvindo trovões distantes e sentindo o vento de chuva que se aproximava mas, entre as árvores, não dava para ter uma certeza de o quanto perto ela estava e com qual rapidez se aproximava. Quando cheguei no final dela, na vastidão da praia deserta olhei para o horizonte e vi as duas tempestade, sim, eram duas! 



Uma paralela à outra, uma vindo pelo mar e outra pelo continente, mas a que me atingiria em menos de 20 minutos era a do continente. Nessa altura o vento já estava forte e os trovões eram um barulho constante no céu. Alguém tinha enfurecido São Pedro. A coisa ia ser feia, ou linda dependendo do ponto de vista.

Mas do meu ponto de vista, em meio à trilha, foi sobretudo assustador!
O plano inicial ir pela trilha e retornar pela praia. Mas com a tempestade e praticamente em cima da minha cabeça a possibilidade de voltar pela praia foi sensatamente abandonada. O negócio era voltar pela trilha e o mais rápido possível!
Resolvi então fazer algo inédito para mim, até então. Resolvi voltar correndo! Isso mesmo porque não? A oportunidade faz o ladrão e a tempestade faz uma corrida de aventura pela primeira vez! Ajustei a mochila nas costas para não ficar balançando e corri pela trilha, como se  estivesse simplesmente correndo normalmente, no mesmo ritmo que faço minhas corridas. Logo descobri que correndo o corpo precisa se preocupar com outras coisas eu não dava tanta atenção à tempestade.  Isso era bom!


Mas quando eu estava na metade da volta não teve jeito, o céu se fechou totalmente, ficou absurdamente escuro dentro do mato e os trovões e raios explodiam por toda parte. A chuva intensa chegou com muito vento e era tanta água que eu mal conseguia manter os olhos abertos. Isso foi assustador. Durante cerca de 30 segundos desejei não estar ali, naquele local, debaixo daquela chuva e sozinha. Mas isso logo passou e encarei como uma experiência única que precisava ser vivida. E uma coisa era fato: não havia mais nada que eu pudesse fazer além de caminhar sempre e para frente até o final da trilha e da tempestade. E foi isso que fiz. Além disso fiz também uma filmagem (ridícula) desse momento, porque precisava registrar e nunca mais esquecer essa aventura. Depois de uns 20 minutos debaixo da tempestade aconteceu o inevitável: a chuva diminuiu e eu cheguei  ao inicio da trilha, na vila.

Encharcada dos pés à cabeça, quando entrei no camping a Tia Mari, me aguardava na porta da casa, preocupada comigo, super querida! Ainda molhada sentei no degrau da casa e pedi para a Tia Mari me preparar um pastel de camarão. Comi vendo o sol atravessar o horizonte por entre as nuvens da tempestade e as montanhas da região serrana do Paraná.




Tomei um banho frio (após a tempestade a Ilha toda ficou sem energia) e fui acertar com o barqueiro que ia me levar para a llha do Mel no dia seguinte; apesar de querer ficar mais tempo na ilha, minha meta estava atingida e precisava ir adiante. Depois do barqueiro passei no Bar do Carioca para me despedir da Val e do Fernando, grandes amigos e companheiros de aventuras. Eles ainda me levaram até meu camping fizemos nossa foto final de despedida. No dia seguinte eles iriam retornar a Guaraqueçaba e de lá para Maringá. Dei um abraço neles e entrei na barraca.


Obs1: fiquei sabendo, por alguém que ficou sabendo, que o Papa pediu para sair. Sério isso?
Obs2: fiquei sabendo, por alguém que ficou sabendo, que tinha caído um asteroide na Austrália e que 1000 pessoas tinham morrido. Mas depois fiquei sabendo que não era na Austrália e sim  “pela Rússia” e que ninguém tinha morrido! Hahaha quem conta um conto aumenta um ponto. Imagina por quantas pessoas essa história passou antes de chegar até mim.
É, a gente viaja , mas o mundo lá fora não para! O Papa, hein? Quem diria... 

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