22 de agosto de 2011

Passeio a Ingapirca

O tour para conhecer a as Ruínas de Ingapirca saía às 8h15 da matina. No horário combinado estava eu no local onde o o guia deveria passar com a Van para me pegar. Eramos 8 pessoas, uma família de Quito, um casal de Italianos e eu (foi uma misturança de espanhol e italiano que eu já nem sabia mais que língua falava. Começava a frase em espanhol e terminava em italiano, uma confusão generalizada na qual todos se entendiam)

O roteiro era o seguinte: Sair de Cuenca, passar por Azogues, fazer uma parada em Biblián para conhecer Santuário da Virgem de Rocío, outra parada em Cañar para conhecer o mercado e depois seguir para o Sitio Arqueológico de Ingapirca.

No início do dia estava meio nublado e passamos quase reto por azogues, com uma rápida parada para mirar a belíssima igreja da cidade. Mas como estava meio choviscando e distante não tive ganas de tirar uma foto. Fiquei sem esse registro.

De aí fomos para Biblián, que é um cidadezinha pequena que possui, no alto de um morro, o Belíssimo Santuário a Virgen del Rocío. O lugar é único porque além de parecer algum castelo medieval da Europa, as suas paredes são a própria rocha do local onde ele foi construído. Esse santuário foi construído em homenagem à Virgem de Rocío que segundo a população fez chover depois de um longuíssimo período de seca (eu achava que esse negócio de chuva era com São Pedro, mas parece que ele não é o único... ou a Rocío mantém um bom relacionamento com o São Pedro... ela intercedeu pela população e ficou com os créditos e com o belíssimo santuário). 

Um fato interessante: a região onde está Azogues, Biblián, Cuenca, entre outras cidades, é uma das partes mais ricas do Equador. Motivo? Há outros, mas um deles é em função da emigração para os EUA. As pessoas desta região tradicionalmente vão ganhar a vida nos EUA. Um exemplo disso, segundo disse nosso guia é que no 11 de setembro morreram cerca de 10 pessoas só da pequena Biblián. Todos emigrantes que estavam vivendo lá, fazendo dinheiro e enviando para cá.
Ah, e tem mais... Na cidade, há mansões fora do padrão Equatoriano que são reflexo dos emigrantes que vivem fora. As casas são construídas com o dinheiro que é enviado para o Equador, mas segundo a tradição só podem ser habitadas quando o emigrante voltar, nem a família que está no Equador pode morar na casa. Por isso há mansões vazias se deteriorando enquanto as famílias seguem morando em casas simples. Não é uma, nem duas... São montes de mega casas vazias, esperando os donos regressarem.

A parada seguinte era no mega-bagunçado\sujo\totalmente-equatoriano Mercado da Cidade de Cañar. Se vende de tudo panela, sapato, agulhas, controles remotos, papel higiênico, tudo... e frutas... muitas frutas! Algumas bem diferentes. Em uma outra parte da cidade também tem um mercado de animais. Os bichinhos ficam ali esperando para serem comprados e devorados. E triste saber que o fim deles está tão próximo e eles nem imaginam... Patos, galinhas, coelhos e cuy (porquinhos da índia, que são um prato típico de vários países da América do Sul). Caminhamos por todo mercado e seguimos caminho para nosso objetivo principal: as Ruínas!

Chegamos em Ingapirca pelas 12h. Foi ótimo que tínhamos nosso próprio guia e éramos apenas 8 pessoas. Quem não vai com guia tem que ficar esperando o horário dos tours guiados, que são com umas 20 pessoas! Muito ruim. Nosso pequeno grupo foi ótimo, até porque o guia era realmente bom, sabia do que estava falando.

Bom... mas antes de entrar mais a fundo é preciso contar resumidamente uma história:

Era uma vez um império Inca enorme, mas eles não estavam contentes. Queriam mais território (algo pouco criativo que vem se repetindo constantemente na história da humanidade). O território que eles queriam pertencia a um outro povo: os Cañaris, que era um sociedade matriarcal que tinha uma rainha e eram grandes guerreiros e conhecedores da astronomia. Assim que um dia em foi travada uma grande guerra no qual os Canãris venceram e os Incas perderam. Mas os Cañaris eram um povo menor que sofreu grandes perdas durante a guerra e ao saberem que os Incas provocariam outra batalha com mais reforços vindos de Cuzco a rainha Cañar propôs um acordo e não houve guerra. Nesta ocasião foi construída Ingapirca, na época o mais importante tempo de adoração ao sol no norte do Império Inca. Junto ao templo havia um povoado onde Cañaris conviviam com os Incas, cada um mantendo suas próprias tradições. Os Cañari adoravam a Lua (com seu ciclo de 28 dias, assim como o ciclo das mulheres) e os Incas o Sol. Mas essa convivência pacífica durou apenas alguns anos. Isso é o resumo do resumo da história.

Enfim... As ruínas de Ingapirca são o mais importante vestígio do império Inca no Equador. O que existe hoje para ser visitado é bem impressionante (claro, não comparando com Machu Picchu). Se imagina que há muito mais para ser escavado na região, só há um problema: não há dinheiro para financiar as escavações. Para se ter uma ideia, as ruínas estão protegidas e abertas ao público a cerca de 15 anos. Antes disso os habitantes do local, ignorando a origem das construções, usavam as pedras (muitas trazidas de cuzco, não se sabe como) para construir suas próprias casas.

Detalhes sobre o sitio arqueológico podem ser vistos direto no álbum onde cada foto tem sua legenda explicativa. A visita às ruínas é repleta de informações sobre história e cultura. Muito interessante e além das expectativas.

Ao final o almoço em um restaurante da região foi outro ponto alto, limpo e organizado, me senti na argentina. E cheguei à seguinte conclusão: Truta é o peixe que eu mais gosto mesmo! Não há mais dúvidas!

Depois de comer além daquilo que meu corpinho está acostumado (é feio comer só a metade nessas ocasiões) voltei me sentindo uma bola estufada dentro da van.  O tour chegou em Cuenca de tardezinha. Saí para caminhar um pouco mas estava tudo tão, tão deserto (domingo fim de dia) que fiquei meio apreensiva. Comprei um sorvete e vim para o hostal organizar tudo para fazer o check-out amanhã bem cedo. 

Próximo destino? Sol, mar e areia... Amanhã estarei em Puerto Lopez!

Abaixo segue só algumas das mais de 70 fotos que estão no álbum:


Fotinhos:
 Santuário da Virgem del Rocio, em Biblián

No Santuário da Virgem del Rocio

Mercado de Cañar 
Cuy vivo para venda no Mercado de Cañar

Cultura Cañar no Sítio Arqueológico de Ingapirca

Cultura Inca no Sítio Arqueológico de Ingapirca

Sentada no trono Inca

Pedras Incas trazidas de Cuzco

Visão do templo Inca

4 comentários:

  1. Aguardando, ansiosa, porém, é preciso um bom descanso depois de tanta "aventurança"... e guardar fôlego para o Cotopaxi.
    Vou ver as fotos, então...

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  2. Só lendo as legendas das fotos do Picasa já temos um belo relato.
    A Luiza descobriu que veio dos Incas, sentou no trono do rei, e depois de tomar um licor quente, conseguiu ver a Cara del Inca, descobriu que não poderia resbalar nas três regras, deu uma passadinha no mercado e rezou bastante. (relato com a devida "licença poética")
    Fantástico o Santuário da Virgem del Rocío.

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  3. Luiza,
    Fico impressionado que Vc tenha conhecido o Equador. Não é um roteiro comum, especialmente para jovens brasileiros. Ao mesmo tempo fico honrado com seu relato. Sem querer ser um corretor afinal pq com grande simplicidade vc descreveu o ponto básico,A provincia do Azuay tem algumas cidades, e a provincia do Canãr outras, Azogues é a capital da Provincia do Cañar e não uma cidade da Provincia do Azuay, elas estão ´próximas o que pode ter confundido vc.

    " Um fato interessante: a província de Azuay, onde está Azogues, Biblián, Cuenca, entre outras cidades, é uma das partes mais ricas do Equador."

    Mes parabéns pelo seu belo relato.

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  4. Olá Jorge,

    Que bom que você gostou do relato!
    Já fiz a correção da informação! Obrigada!!!

    Abraços,

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