31 de agosto de 2011

Vulcão Cotopaxi

Meu bus que vinha direto de canoa, devia chegar em Quito pelas 5h30-6h da matina, mas diferente disso a realidade é que ele chegou às 4h15!!! Isso mesmo, com mais de uma hora de antecedência. Isso significava duas coisas: eu não ía perder o tour para o Cotopaxi por chegar atrasada e teria que pagar uma diária a mais, porque eu certamente ía dormir entre 4h30 e 6h (principalmente depois de ter passado a noite viajando).

Peguei um taxi e fui para o Hostel Backpackers Inn (o mesmo que tinha ficado quando cheguei em Quito no primeiro dia de viagem). O passeio saía a 3 quadras do hostel, assim que no horário combinado eu estava no lugar combinado. No total o tour eram 11 pessoas e fomos em 2 carros. O pessoal do meu carro era todo mundo gente fíníssima e animadíssimos: Eu, uma alemã, uma Brasileira (que na verdade vive desde que nasceu na Austrália), uma francesa e um casal de Liechtenstein. No outro carro ainda tinham 4 Israelenses e 2 Venezuelanos.

O plano do passeio era ir até o parque, fazer uma parada rápida no museu para explicações, ir até o estacionamento, onde ficariam os carros  (a 4.500m). De aí subir caminhando até o Refúgio (4.800m) e de possível chegar até a geleira (+/- 5.000). Depois disso, descer, pegar os carros e fazer a descida de bicicleta (downhill) até a Laguna Limpiopungo (3.800). Depois de tudo isso almoçar e regressar a Quito.

No caminho para o parque (que fica um pouco ao sul de Quito) o vulcão estava super encoberto, mas à medida que fomos descendo algumas nuvens foram se dissipando. Quando chegamos no Museu (para explicações mais técnicas sobre o vulcão) o Cotopaxi já começava a mostrar a sua cara. Fomos subindo mais e o tempo fechou de novo com nuvens e muito, muito vento.

Chegamos no estacionamento e o tempo estava 100% fechado, com chuviscos e um vento absurdo. Mal conseguíamos ficar em pé. Nesse momento os casal de venezuelanos e duas gurias de Israel nem desceram do veículo. O vento fazia com que o frio fosse absurdo, mas eu estava preparada e muito bem agasalhada. Só me faltou uma manta para cobrir a boca enquanto respirava e para proteger o rosto das pedrinhas que voavam na cara pela força do vento... mas ok.

O vento, o frio e a altitude faziam com que a subida fosse bem pesada (lembrando que eu saí de Canoa, na altura do mar e vim praticamente direto para subir acima dos 4.500.m.a.n.m). Mas sobretudo o que mais incomodava era o vento que me fazia perder o equilíbrio todo o tempo. Passo a passo, rumo a cima, em um momento, logo depois do início da subida comecei a sentir uma dor na cabeça (se alguém passasse mal a ordem era voltar na mesma hora e esperar nos carros). Parei, sentei em uma pedra e pensei que não ía poder continuar. Fiquei sentada tomando fôlego e percebi que não era dor de cabeça era uma dor no ouvido, pelo vento gelado! Baixei a toca por sobre o ouvido e depois de uns instantes melhorou! Ufaa.... Desistir nos primeiros metros teria sido frustante.

Bueno, segui acima, cada passo era um passo. Sempre para frente e sempre para cima. Algumas pessoas logo foram mais rápidas, mas eu fiquei com os retardatários. Com toda paciência.... caminha, caminha, pára, respira, caminha, caminha, pára respira e assim fui subindo.  Uma hora olhei para cima e vi um telhado amarelo. Era o refúgio! Eu estava no meio do caminho. Mais força... caminha, caminha, pára, respira, caminha, caminha, pára respira e logo cheguei no refúgio! Alguns já estavam lá e outros estava um pouco atrás de mim. Quando cheguei todos me parabenizaram por ter ido dos 0 aos 4.800 em menos de 12h. O guia me confessou que achava que eu não ía conseguir. Mas cheguei lá! Na verdade para mim, apesar do vento foi mais fácil que subir o retorno da Laguna Quilotoa (lá sim, eu fui ao meu limite)

Como já era de se esperar não tínhamos como tentar chegar na geleira com aquele vento. Quanto mais para cima mais forte ficaria. Regras da natureza, aqui quem manda é o vulcão. Se ele coloca esse vento como obstáculo, temos que obedecer.
A verdade é que se não fosse pelo vento, não teria sido tão difícil a subida. Mas eu sou leve e o vento para me desequilibrar é fácil.

Logo no princípio quando chegamos lá em cima, não víamos nada... nem sinal do cume. Mas quando começamos a descida ele começo a aparecer entre as nuvens e o tempo começo a abrir um pouco. Deu para fazer algumas fotinhos.

Bueno, depois de um chocolate quente no refúgio tínhamos que voltar tudo... mas daí era muito fácil. Para baixo todo santo ajuda. Não exigia nenhum esforço era só colocar um pé na frente do outro que a gravidade puxava e o vento dava uma forcinha empurrando. Rapidinho estávamos todos de volta ao estacionamento.

Entramos todos nos carros e descemos mais um pouco pela estrada. Lá embaixo o vento não era muito forte. Em certo ponto o carro parou para começarmos a descida em bicicleta até a Laguna Limpiopungo.

Eu não estava levando muita fé nessa descida, primeiro porque sei andar de bicicleta, mas fazer downhill em uma estradinha de terra com areia não era muito animador e segundo porque achava que não teria nenhuma bicicleta "do meu tamanho", mas tinha,  não exatamente do meu tamanho, mas "dava para andar".

Depois de ouvir todas as explicações sobre os freios, montei na minha bike e comecei. Não precisava pedalar afinal era montanha abaixo. Mas precisava ficar segurando o freio o tempo inteiro. Logo descobri que todas as explicações do guia sobre os freios não eram validas para mim. Fiquei só com o freio da frente o tempo inteiro e ele segurava bem o meu peso. Se ela começava a ir muito rápido levemente puxava o da roda de trás (e toda vez que eu fazia isso quase caia). No início eu estava bem medrosa e ía bem devagar até porque eu nunca tinha feito isso e a terra derrapava bastante. Depois aos poucos fui dando uma soltada e deixando a bici andar um pouco mais rápido. Depois de uns 15minutos minha mão do freio doía muitíssimo pelo esforço constante e minhas costas também (eu podia parar a qualquer momento, o carro das bicis estava vindo um pouco mais atras de mim). Mas continuei mais um pouco e mais um pouco até que a dor nas costas ficou insuportável e precisei parar mesmo. Uma pena que não cheguei na laguna (na verdade parei muito perto dela). Mas enfim... pela falta de experiência achei que me saí muito bem!!! E não caí nenhuma vez!!!

Eu queria ter tirado umas fotos durante a descida ou feito algum filmezinho, mas logo descobri que era impossível tirar uma das mãos da direção. Uma pena...

Lá em baixo o grupo me aguardava e o vulcão tinha preparado um presente para todos nós (para compensar o vento lá em cima, é claro). O Cume lindo e descoberto. Todos fizeram mil fotos desse momento. Cansados e satisfeitos pelo desfecho do vulcão nos encaminhamos para um almoço bem mais ou menos e no final o retorno a Quito.

São muitíssimas fotos, vou colocar aqui uma poucas e todo o resto está no album:
https://picasaweb.google.com/luizac.rs/30DeAgostoCotopaxi

Fotinhos:
Chegando no Parque

Tempo ruim para a subida

Chegando no Refúgio

Descendo pela trilha

Eu, minha bike e o Cotopaxi


Ok.... essa ficou legal!

4 comentários:

  1. Bah! esse foi um desafio... Muito valente, tu... mas, sabiamente, respeitaste os limites.
    Como disseste, a conduta é não desafiar a natureza.

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  2. continuando... vi as fotos, lindas. O Cotopaxi é realmente imponente, majestoso, posso imaginar ele te atraindo como um imã... já me aconteceu com a Cordilheira, no Chile, ela me chamava...
    Aventura digna de encerramento dessa viagem.
    Bom retorno.

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  3. Fiquei muito orgulhosa da tua aventura: perseverança e bom senso. Quem será que te educou? Tá bom... O escotismo também fez sua parte.

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  4. Para o alto e avante. Uma grande aventura para finalizar a viagem. Fantástica a experiência e ainda terminou com um arco-iris. Espetacular. Até a volta amiga.

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